Na minha vida minha família sempre esteve em primeiro lugar. Na realidade não temos uma só família, temos varias: a primeira é a família raiz, seus pais, avós, irmãos, tios. Você pode ter algum problema com sua família raiz, todos temos, mas ela nos fornece a base do quem somos e não é atoa que um dos Dez Mandamentos é "honrar pai e mãe". Muitas vezes meus pais foram extremamente severos comigo e agradeço muito por isso, porque essa severidade me moldou, me tornou quem sou hoje e eu gosto muito de como sou.
Aí eu cresci, estudei, trabalhei, me formei e casei. Aí entra a segunda família, a que é realmente a "sua família". Meu marido veio da família raiz dele, e juntos tivemos encontros e desencontros, acertos e erros e nos tornamos realmente uma família, um lar, um ninho para criar nossos filhos. E vem então aqueles seres que são realmente muito importantes para você, a ponto de, se precisarem de um transplante de coração, você diz "pode pegar o meu, eu doo". Uma vez me disseram " os filhos são a coisa mais importante do mundo para nós, mas nós não somos para eles, porque serão os filhos deles" e é verdade.
Bem, tudo isso para observar que a pandemia aparentemente recolocou as coisas nos seus lugares, que muitas pessoas sacaram a importância da família, o suporte que ela dá, o necessário apoio que vem dela. Minha mãe morreu faz muito tempo, fez falta mas quando meu pai se foi eu pensei que se tudo desse errado na minha vida eu não tinha mais para onde voltar e a sensação é muito ruim, porque a casa de seu pai é e será sempre a sua casa também. É interessante achar alguma coisa boa na pandemia, e se isso existe para mim foi o resgate dos valores perdidos. Toda moeda tem dois lados e todas as coisas que acontecem também.