É muito normal que se dê valor as coisas quando já não as temos mais. É o caso das nossas mães e pergunto quem não sentiu falta da mãe quando ela já se foi?
Confesso que minha
relação com mamãe era de amor e ódio. Ela gostava de mim, tinha até um certo orgulho,
mas disputava tudo comigo. Copiava detalhes de minha casa, queria um vestido
igual ao meu (parecido não servia, tinha que ser igual). Eu era a favorita de
meu avô, pai dela, pois nasci no mesmo dia que ele. Ela não perdoava isso.
Desconfiava de todas
as pessoas, principalmente de mim. Tinha a ilusão de que eu não conseguiria viver
sem ela. Por outro lado, confiava cegamente em pessoas erradas, essas sim, que aprontavam
e ela fazia por não enxergar.
Porem quando havia algo
realmente importante para fazer, eu era chamada. Por quê? Não sei realmente.
Sempre resolvi todos os problemas que ela pediu, está certo
que nem sempre da forma que ela esperava.
Hoje minha mãe já se
foi há muito tempo e eu me pego fazendo coisas que ela fazia, com manias que
ela tinha e muitas manias, tipo passar o dedo para ver se algo está limpo e
cheirar o paninho que fica na pia para ver se cheira bem. Acredito que eu tenha pego só os bons hábitos, ou seja, feito uma triagem sem perceber.
Hoje porem agradeço
por minha mãe ter sido dura comigo, me fazendo aprender o serviço de casa, não
admitindo notas baixas e nem reprovação. Agradeço a minha linda dentição porque
cada carie era uma surra.
Como o dinheiro era
curto, trabalhei desde cedo para poder comprar tecidos, para fazer os vestidos
que eu mesma aprendi a costurar para ir nos bailinhos.
Ela me deu
instrumentos poderosos para enfrentar a vida e a mim mesma. Ela me forjou, como a uma espada, em fogo e água.
Obrigada mãe, onde
quer que você esteja, por ter me ajudado
a ser exatamente quem eu sou.
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